Desde as últimas décadas do século XX, a crescente ubiquidade das tecnologias digitais e a convergência entre estas e o cinema, tem permitido às criações artísticas constituídas por imagens em movimentos reinventarem-se em novos formatos, estéticas e abordagens. Através de um diálogo dinâmico e nem sempre convencional com outras artes e media, o cinema reconfigurou-se, abriu-se ainda mais à experimentação e expandiu-se para espaços de exibição menos tradicionais, transformando-se no que Gene Youngblood denomina de “cinema expandido” (1970), também designado de pós-cinema ou transcinema.
Mas enquanto estas obras disruptivas permitem notar a vitalidade do cinema enquanto expressão artística também colocam questões de ordem prática, conceptual e filosófica. Não só estas formas de pós-cinema transformam as estratégias e abordagens de criação, como também alteram o lugar do artista/cineasta nos circuitos de exibição. Ainda, a receção da obra sofre alterações significativas, permitindo ao público uma nova relação com o espaço de exibição, com o próprio dispositivo cinematográfico e, por inerência, com as obras.
Torna-se, por isso, premente refletir e discutir estas novas formas de criação e expressão cultural, nos domínios da teoria e estética dos media, a partir de três perspetivas simultaneamente pertinentes e complementares: a criação, a curadoria e a reflexão teórica.
Apresentar trabalhos disruptivos, que questionam e rompem as fronteiras entre as artes visuais e operam no conceito de “cinema expandido”; ↝ Pensar e propor novas estratégias de criação, exibição e receção; ↝ Estimular a discussão da prática artística e curatorial na criação e exibição de obras de pós-cinema, enquanto elementos de investigação científica; ↝ Investigar este “novo cinema”, os seus espaços e relações, em diferentes palcos de expressão, permitindo um alargamento de fronteiras e uma multiplicidade de novos formatos; ↝ Discutir e avaliar o efeito destas novas formas de cinema no âmbito da arte contemporânea; ↝ Fomentar o contacto entre autores, curadores, investigadores e académicos nacionais e internacionais, promovendo parcerias em projetos de investigação futuros.
Marie Rebecchi teaches at the Université Sorbonne Nouvelle Paris 3 and Université d'Amiens as Lecturer (chargée de cours). She holds a PhD in “Aesthetics and Art Theory” from the University of Palermo, Italy. She spent research periods as Post-Doctoral Researcher at the École des hautes études en sciences sociales in Paris (EHESS). She specializes in the aesthetics of cinema, with a special focus on avant-garde cinema and abstract cinema of the 1920s and 1930s. She edited with Elena Vogman a book (NERO, 2017) and curated an exhibition at NOMAS Foundation (Rome, 2017-18), both entitled Sergei Eisenstein. The Anthropology of Rhythm. Her book, Paris 1929. Eisenstein, Bataille, Buñuel is now published in the collection "Images, médiums" of the publishing house Mimésis (2018). It focuses on Eisenstein’s stay in Paris in 1929-30 and on the relationship between the Surrealist movement and the theories of montage of the 1920’s.
Sergei Eisenstein. The Anthropology of Rhythm. The Research-based exhibition as curatorial engagement
Sergei Eisenstein. The Anthropology of Rhythm (2017-18), the research-based exhibition curated by Marie Rebecchi and Elena Vogman, in collaboration with Till Gathmann, for Nomas Foundation (Rome) and Espace Diaphanes (Berlin, with the title Eccentric Values after Eisenstein) developed an original approach to the different media of Eisenstein’s work – photography, film, drawing, diaries, text – seen as the components of an intricate visual anthropology, in which faces and bodies are fragmented and recomposed in a new morphological perspective. This exhibition on Eisenstein’s 1930s unfinished film projects, presented a remontage of reproductions from the director’s archives in Moscow, opening their potential relations to the present. I will discuss the work of archival remontage, drawing particular attention towards the role of copies as a curatorial strategy to re-open and re-produce Eisenstein’s archive. In such a way, I will try to show the cinematic rhythm disclosed in the material Eisenstein provided, in an attempt to actualize and interpret the concept of “technological reproducibility” within the exhibition space.
Miriam De Rosa is Senior Lecturer in Media and Communications at Coventry University, where she currently directs the BA with the same name. Before joining CU, she worked at the Catholic University of Milan, where she also received her PhD in 2011. Since 2010 she has been the coordinator of IMACS (International Master of Audiovisual and Cinema Studies), a network of high education institutions comprising universities from Europe and Canada, and in 2014 she founded the NECS CCVA (Cinema & Contemporary Visual Arts work group) which she currently co-leads with Patrícia Nogueira.
Miriam has a wealth of experience as a member of the editorial staff of various international journals, among which NECSUS and Cinergie - for both of them she is in charge of the cinema/art related sections.
Her research interests include film theories, artistic moving images, experimental cinema, digital screen media and media archaeology. Her most recent publications are A Poetics of Care (2017) and the co-edited special issue of Cinéma et Cie Post-what? Post-when? Thinking moving images beyond the postcinema condition (2017).
Miriam is also active as independent film curator; her most recent projects are Desktop Cinema (MMC Luka, Zagreb, Croatia, July 2017) and Don’t believe in subversion (with Greg de Cuir Jr, Belgrade, Serbia, December 2017).
O i2ADS – Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade constituiu-se em 2011. É uma unidade de investigação sediada na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP), tendo como entidade parceira a Escola Superior de Música e de Artes do Espetáculo (ESMAE-PP). O i2ADS desenvolve as suas atividades no âmbito das Artes e Design, Desenvolvimento Artístico e Musical. A sua equipa é constituída por 26 membros integrados doutorados, 11 investigadores integrados não doutorados e 102 membros colaboradores.
No âmbito do Plano de Reestruturação da Unidade de Investigação (financiado pela FCT em 2016-2018), o i2ADS reorganizou-se, apostando no trabalho colaborativo, organizado em research hubs que se entrelaçam nas áreas temáticas da unidade de I&D. O i2ADS assegura a articulação sistemática da investigação através de projetos e linhas de investigação, ação e difusão dos processos e resultados da investigação. No período 2013-2017, o i2ADS afirma-se, a nível nacional, como uma das unidades de investigação na área artística com mais produtividade de investigação. Os seus investigadores integrados publicaram 81 artigos, dos quais 46 de âmbito internacional, 75 capítulos de livros, 24 edições de livros/revistas, 225 participações em conferências, 207 exposições/concertos, supervisão de 150 teses concluídas de mestrado e 59 de doutoramento. O i2ADS organizou 27 conferências internacionais. As suas prioridades estratégicas estabelecem-se em torno da consolidação da investigação em artes e design, de uma política de internacionalização, de práticas colaborativas de investigação, da articulação entre a formação pós-graduada e a investigação, e da transferência de conhecimento e tecnologia, com uma política de ciência aberta e de apropriação e impacto da investigação na sociedade.
O Instituto tem como missão promover a investigação teórica, experimental e em práticas artísticas, nas áreas das Artes Plásticas, do Design, do Desenho, dos Estudos Artísticos, da Educação Artística, da Música e das Artes do Espetáculo. No trabalho realizado e na sua projeção futura, o i2ADS pretende contribuir para o esclarecimento do campo de investigação em artes e design e na procura de indicadores de investigação apropriados. Nesse sentido, tem vindo a inscrever-se na discussão internacional sobre a investigação no campo das artes e das humanidades, não apenas pela presença dos seus investigadores nos fóruns de discussão relevantes, como pelo desenvolvimento de projetos, organização de publicações e eventos que promovem esse debate e desenvolvimento.
O grupo de investigação científica CCVA – Cinema and Contemporary Visual Arts, integrado na rede europeia de investigação NECS – European Network for Cinema and Media Studies – conta com a participação de 123 membros oriundos de vários países Europeus, mas também do resto do Mundo, desde a América do Norte e Sul, ao Extremo Oriente (Coreia do Sul, Japão, entre outros).
O grupo de trabalho foi constituído em 2013 enquanto plataforma livre e colaborativa e integra membros investigadores, artistas e curadores, privilegiando a interseção entre a prática e a teoria e explorando as estratégias de exibição e relações entre o cinema e as artes visuais.
Desde a sua formação, o CCVA tem fomentado o trabalho colaborativo, nomeadamente através da submissão de painéis pré-constituídos por membros do grupo para apresentação em conferências (NECS e SCMS), organização colaborativa de simpósios e curadoria conjunta de exposições e ciclos de cinema (Desktop Cinema, no Museum of Contemporary Art Zagreb; Avant-Noir, no ICA London). O grupo de trabalho pretende fomentar o diálogo, a investigação, a prática e a exibição das tendências mais contemporâneas de Cinema Expandido. Entre as áreas de investigação do CCVA destacam-se as seguintes:
• Filmes de galeria, vídeo-instalações e exibição de cinema;
• Intermedialidade entre novos media, cinema e artes visuais;
• Encontros e confluências estéticas, conceptuais e técnicas entre diferentes artes visuais;
• Artes visuais analógicas vs. digitais;
• Cinema e exibição em Museus;
• Curadoria de Imagens em Movimento.
↝ Patrícia Nogueira CCVA - NECS
↝ Catarina Martins i2ADS/FBAUP
↝ Catarina Martins i2ADS/FBAUP
↝ Daniel Ribas CCVA - NECS
↝ João Leal CCVA - NECS
↝ Juliana Froehlich (ViDi / Universidade de Antuérpia)
↝ Miriam de Rosa (CCVA)
↝ Patrícia Nogueira CCVA - NECS
↝ Vitor Almeida i2ADS/FBAUP
↝ Zsolt Gyenge (Moholy-Nagy Universidade de Arte e Design)
